Para lembrar o Mês da Mulher, o Jornal União traz nesta edição um perfil da prefeita de Rio Branco do Sul, Karime Fayad (PSB), que na última semana recebeu nossa reportagem em seu gabinete, onde falou sobre a participação da mulher na política e os desafios enfrentados por ela frente à gestão do município. Karime Fayad tem 32 anos, é arquiteta urbanista, com especialização em Gestão Urbana e Direito das Cidades, na França. Além disso, é mestre em Planejamento Urbano, pela UFPR.

Desde que assumiu o cargo, em 2021, o município com 32 mil habitantes tem se tornado exemplo de como o alinhamento das políticas e orçamentos tem ajudado a mudar a vida das pessoas. Além disso, a gestora vem reforçando a transparência, reduzindo a corrupção e buscando o equilíbrio social e o desenvolvimento econômico local. 

Trajetória política

Karime desponta no cenário político local como uma grande liderança feminina. Na área pública já atuou por cinco anos na cidade de Pinhais, onde passou pelas secretarias de Urbanismo, Obras e Educação. Contudo, sua trajetória política começou cedo, ainda adolescente, quando protestava pela duplicação de rodovias e áreas de lazer em sua cidade natal, Rio Branco. Como cidadã, ela participou de conselhos sociais, da saúde, da segurança e da juventude.

Além de prefeita, Karime assumiu a vice-presidência do PSB no estado, sendo responsável em coordenar e fortalecer os segmentos sociais do partido no que tange às mulheres, LGBTQIA+, negros e juventude. Em 2022, nas eleições presidenciais, Karime foi a única prefeita na região a declarar apoio público a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em 2018, se lançou como deputada estadual e obteve 14.119 votos, surpreendendo muitos pela expressiva votação. Em 2016, ela se candidatou à prefeitura, mas os 6.973 recebidos – mesmo que expressivos – não foram suficientes diante da votação do primeiro colocado, que teve 8.407 votos. 

O primeiro mandato

Na avaliação de Karime, a experiência de primeiro mandato como prefeita tem sido positiva, pois além de bons resultados sociais e econômicos, ela ainda comemora a grande votação popular que recebeu. “Tive 12.117 votos, se tornando a primeira prefeita eleita de minha cidade. Rio Branco do Sul viveu um passado tenebroso comandado por coronéis na política, com casos de corrupção e cassação de prefeito, além do assassinato de dois ex-prefeitos. Me senti na obrigação de mudar tal realidade e coloquei meu nome à disposição da população rio-branquense”, pontua.

“Rio Branco do Sul viveu um passado tenebroso comandado por coronéis na política”

Participação no planejamento urbano de Pinhais

Aos 32 anos de idade, a psbista acumula experiência de oito anos na vida pública, com obras e ações que tiveram grande impacto na vida das pessoas, com destaque no município de Pinhais, na região metropolitana. Karime teve participação atuante nas gestões do ex-prefeito Luiz Goulart (Luizão) e da ex-prefeita Marli Paulino, quando ficou responsável pelo planejamento urbano da cidade, com reformas e ampliações de 43 unidades de ensino e a construção de um dos seus maiores feitos, o Parque das Águas, considerado o maior ponto turístico do município com 1,4 milhão de metros quadrados.

Gestão com foco no desenvolvimento social

Já em Rio Branco do Sul, a gestão de Karime tem feito a diferença em várias áreas, principalmente no tocante ao desenvolvimento social com a implantação do CirculaRBS, serviço de transporte público gratuito que até o final do ano passado transportou cerca de 70 mil passageiros. Outro projeto de destaque é o Kit Moradia, que consiste em um valor aproximado de R$ 5 mil para compra de um conjunto de materiais com o qual é possível a construção de uma residência de 15m² com módulo sanitário. O projeto já beneficiou 35 famílias, incluindo mulheres vítimas de agressão doméstica.

Contas em dia

Assim que assumiu a prefeitura, um dos primeiros desafios enfrentados por Karime foi colocar as contas da cidade em dia. O município havia acumulado uma dívida de R$ 80 milhões e vinha sofrendo as consequências judiciais com o bloqueio das contas municipais, fator que impedia o município também de receber verbas dos governos estadual e federal. “Foram tempos difíceis, levamos um ano e oito meses para regularizar os precatórios e dívidas com o INSS que as gestões passadas deixaram. Conseguimos no ano passado colocar a casa em ordem e agora partiremos para obras por toda a cidade”, conta. 

“Foram tempos difíceis, levamos um ano e oito meses para regularizar as dívidas que o último prefeito deixou”

Até o final de seu primeiro mandato, a administração municipal prevê cerca de R$ 7 milhões em obras de pavimentação em várias regiões e a construção de um posto de Saúde e de um CRAS. Há também o projeto de implantação de duas escolas em tempo integral, com verbas que virão do governo federal e governo estadual, além da conclusão das obras de ampliação e reforma do Hospital Municipal. Segundo Karime, do plano de governo apresentado enquanto candidata, 60% dos projetos já foram concluídos. “A população pode fazer o monitoramento dos projetos no site da prefeitura, lá tem todas as propostas do plano de governo e o que já foi realizado até então”, conta.

Projeto premiado

No ano passado, um dos programas implantados pela gestão de Karime em Rio Branco do Sul, o Mapa das Desigualdades, foi reconhecido no 10º Prêmio Gestor Público que visa destacar ações ligadas à energia sustentável no Paraná. O projeto deu certo na cidade e foi desenvolvido pela equipe da Secretaria de Assistência Social e Habitação em conjunto com a de Desenvolvimento Urbano do município, e consiste em uma plataforma interativa que apresenta informações sobre a avaliação da pobreza considerando os territórios e como atinge a sociedade, levando em conta números sobre faixas etárias, localidades, entre outras variáveis relevantes de análise.

Equidade de gênero

Outro diferencial na gestão de Karime é a equidade de gênero nos cargos de alto escalação. “Hoje, 50% do meu secretariado é composto por mulheres, o que ajuda a tornar a gestão municipal mais humanizada, representativa e próxima da população. Levando em consideração que a sociedade é composta em sua grande maioria por nós mulheres, nada mais justo que elas assumam esses espaços na gestão pública também”, conclui. 

“Hoje, 50% do meu secretariado é composto por mulheres”