O Paraná alcançou a posição de destaque no cenário nacional em doações efetivas de órgãos para transplantes em 2023, com um registro de 243 doadores de janeiro a junho.
Esse desempenho garantiu ao estado a liderança no ranking do país, com uma média de 42,5 doadores por milhão de habitantes (pmp). Em segundo lugar, encontra-se Santa Catarina, com 41,5 pmp, seguido por Rondônia, com 30,4 pmp, e Ceará, com 27,5 pmp. A taxa de doações no Brasil atingiu 19 pmp. Esses dados são parte do relatório semestral publicado pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) em 31 de agosto.
Esse indicador é significativo, pois reflete o ciclo completo de doação dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Quando analisados em números absolutos, apenas o estado de São Paulo supera o Paraná, com 529 doadores registrados. Na sequência, temos Rio de Janeiro (188), Santa Catarina (158), Minas Gerais (143) e Rio Grande do Sul (141). Amapá e Roraima não apresentaram registros de doações no período.
Os números do relatório também destacam que foram realizados 4.242 transplantes de órgãos, como coração, fígado, intestino, multivisceral, pâncreas, pulmão e rim, além de 7.845 transplantes de córneas em todo o Brasil durante o primeiro semestre de 2023. É importante observar que um único doador pode fornecer múltiplos órgãos. Os rins e o fígado são os órgãos mais frequentemente transplantados, com 2.847 e 1.103 procedimentos, respectivamente, seguidos por coração (208), pâncreas (56) e pulmão (32).
O Paraná mantém um desempenho notável em várias áreas. Em relação aos transplantes de rim, o estado registrou 243 procedimentos, ocupando a quarta posição em números absolutos e alcançando a terceira maior média do país, com 42,5 doadores por milhão. Nesse aspecto, fica atrás apenas do Distrito Federal (49 pmp) e Rio Grande do Sul (49,1 pmp).
No que diz respeito aos transplantes de fígado, o Paraná realizou 147 procedimentos, ocupando a segunda posição em números absolutos e alcançando uma média de 25,7 doadores por milhão, ficando somente atrás do Distrito Federal, que registrou 44,7 pmp.
O relatório também apontou 19 transplantes de coração no Paraná durante o primeiro semestre, o que colocou o estado em quinto lugar em números absolutos, atrás de São Paulo (64), Minas Gerais (35) e Pernambuco e Rio de Janeiro (20 cada). A média foi de 3,3 doadores por milhão, classificando o Paraná em quarto lugar nesse indicador.
No que diz respeito aos transplantes de córnea, o Paraná atingiu uma média de 113,4 pmp, ficando atrás de São Paulo (134,1 pmp), Ceará (121,7 pmp) e Distrito Federal (114,3 pmp). Em números absolutos, foram 649 córneas transplantadas no estado, ficando em segundo lugar, atrás apenas de São Paulo, que realizou 2.979 procedimentos.
Segundo o Sistema Estadual de Transplantes (SET/PR), atualmente, 3.503 pessoas estão na fila de espera por um transplante no Paraná. A maioria aguarda por um rim (1.937 pacientes), seguido por córneas (1.278 pacientes), fígado (244 pacientes), coração (29 pacientes), rim/pâncreas (24 pacientes) e pulmão (20 pacientes).
“Os números nos deixam muito orgulhosos, pois a liderança na doação de órgãos mostra o quanto os paranaenses são generosos em tomar essa decisão em um momento tão delicado. Nosso trabalho sério, ágil e conjunto nos alça a essa posição e pretendemos manter esse trabalho no Estado”, disse o secretário estadual da Saúde, Beto Preto.
Além dos números, a Secretaria da Saúde, através do Sistema Estadual de Transplantes, também realiza ações para conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos e capacitação constante de profissionais envolvidos no processo de transplante.
O SET/PR disponibiliza o Manual para a Notificação, Diagnóstico de Morte Encefálica e Manutenção do Potencial Doador de Órgãos e Tecidos, que visa auxiliar as equipes de saúde na execução adequada de todo o protocolo para diagnóstico de morte encefálica, seguindo as legislações vigentes.
A infraestrutura de transporte de órgãos no estado é fundamental para agilizar o processo. O Governo do Estado disponibiliza recursos aéreos e terrestres para o transporte de órgãos, garantindo uma logística adequada para o procedimento. O SET conta com nove veículos para atender suas unidades distribuídas no Estado, além de uma equipe de motoristas em Curitiba e o suporte da rede de transporte das Regionais de Saúde no Interior, incluindo 12 aeronaves prontas para serem acionadas, se necessário.
“O trabalho desenvolvido pelo Sistema Estadual de Transplantes funciona em prol das pessoas que aguardam uma nova oportunidade de vida por meio do transplante. Nossos esforços são para que cada vez mais pessoas sejam beneficiadas por esse gesto de amor e solidariedade”, ressalta a coordenadora do Sistema Estadual de Transplantes, Juliana Ribeiro Giugni.
Doação
No Paraná, a doação de órgãos só é possível com a autorização da família, portanto, é fundamental que as pessoas informem seus entes queridos sobre seu desejo de ser doador. Coração, rins, pâncreas, pulmões, fígado e tecidos como córneas, pele, ossos, válvulas cardíacas e tendões podem ser doados. Um único doador pode salvar até oito vidas. Qualquer pessoa pode se tornar um doador, e em casos de doação em vida para não familiares, é necessária uma autorização judicial.
O Paraná possui uma estrutura robusta para o gerenciamento de transplantes, incluindo uma Central Estadual de Transplantes e quatro Organizações de Procura de Órgãos (OPO) localizadas em Curitiba, Londrina, Maringá e Cascavel. Essas unidades orientam e capacitam equipes hospitalares nas Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes, presentes em 67 hospitais no estado. Ao todo, cerca de 700 profissionais estão envolvidos nesse processo, incluindo 23 equipes de transplante de órgãos, 25 centros transplantadores de córneas, quatro bancos de córneas em atividade e laboratórios clínicos e de histocompatibilidade.
Foto: Albari Rosa / Arquivo AEN