A Enaex Brasil completa neste mês 51 anos de atividades em solo quatro-barrense. A história da empresa advém da antiga fábrica Britanite e inicia-se na década de 1930, com a fusão entre as empresas Dupont do Brasil e Imperial Chemical Industries, que iniciaram o projeto de construção de uma fábrica de explosivos para fins civis em Barra Mansa, no Rio de Janeiro, concluída em 1948.
Na época, o mundo passava por um período duro de guerra e industrialização em massa. Foi então que o governo brasileiro, comandado por Getúlio Vargas, adotou o modelo de Substituição das Importações, criando as chamadas indústrias de base necessárias para o impulso de outros ramos industriais. Foi criada nesse período a Companhia Siderúrgica Nacional, importante centro de produção de aço, além de outras empresas responsáveis pela exploração dos diversos minerais utilizados pela indústria nacional.
A atuação da Dupont do Brasil no fornecimento de explosivos para essas iniciativas da construção civil representou o marco da arrancada da nova indústria, cuja tecnologia ainda era denominada pelas grandes empresas multinacionais, mas fábricas menores começavam a surgir, sobretudo para atender o mercado regional. Foi desse modo que a Enaex Brasil (antiga Britanite) se tornou importante parceira de diversas obras no Paraná e no restante do Sul do País, contribuindo para o intenso crescimento da região nos anos 1970.
A participação da antiga Britanite na construção da Itaipu Binacional, considerada a maior hidrelétrica do mundo, foi um marco histórico para a empresa, pois demandou muito trabalho e desafios. A obra gigantesca da Itaipu abriu espaço para que pequenos fabricantes de explosivos, como era caso da empresa na época, tivessem preferência de mercado, considerando que a distância das demais concorrentes encarecia o valor do transporte dos produtos até a divisa do Brasil com o Paraguai, região onde vinha a ser instalada a nova hidrelétrica.
A trajetória na capital paranaense
Antes de chegar a Quatro Barras, a antiga Britanite passou pelo bairro Tatuquara, em Curitiba, onde iniciou suas atividades. Sua sede foi instalada na área central da capital, na rua Carlos de Carvalho, 230, no 1º andar. A primeira fábrica contava com uma linha de encartuchamento de nitroglicerina, líquido oleoso formado pela reação da glicerina, substância obtida de gordura animal, com ácido nítrico e sulfúrico. A fábrica fornecia explosivos para diversas obras viárias tais como rodovias e ferrovias, além do setor hidrelétrico, entre outros.
Para comportar seu crescimento, a empresa prosseguiu expandindo as instalações em Quatro Barras. Em 1972 foi então inaugurada a nova sede no município, reunindo num mesmo local a direção e a produção da empresa, dando maior agilidade e interação entre os diversos setores.
Em 2012, o grupo paranaense CR Almeida vendeu dois terços do negócio para a Enaex e a Exsa por US$ 120 milhões. Em 2015, após três anos de participação acionária compartilhada entre o grupo CR Almeida, Enaex, do grupo chileno Sigdo Koppers, e a peruana Exsa, do grupo do Brescia, a Enaex comprou 100% das ações da antiga Britanite. A aquisição garantiu maior exposição internacional da empresa em função das operações que a Enaex já possuía em vários países.
Além da nitroglicerina, outros acessórios para fabricação de explosivos, como cordéis e espoletas detonadoras, que a antiga Britanite adquiria de fornecedores externos, foram acrescentados ao portfólio de produtos. De forma progressiva, a fábrica foi se modernizando, levando em consideração os modelos já existentes no mercado, contratando técnicos de outras empresas de explosivos, bem como investindo em recursos humanos e equipe de vendas.
Na época, a empresa possuía apenas o controle de uma parte do processo produtivo e dependia de fornecedores externos como a DuPont do Brasil, Rupturita, Mantiqueira, Imbel, entre outros, que também eram seus concorrentes. Muitas vezes, em razão da demanda de outros clientes, essas empresas interrompiam o fornecimento ou simplesmente disponibilizavam produtos de qualidade inferior.
Aquisições recentes
A Enaex iniciou 2023 com importantes participações em duas multinacionais distintas voltadas ao segmento de mineração. Pensando globalmente, a empresa – subsidiada pelo grupo Sigdo Koppers – comprou 100% das ações da australiana MTi – líder na fabricação e distribuição de acessórios que otimizam a produtividade em atividades de desmonte de rochas, e passou a ter 45% de participação na O-Pitblast – especializada em softwares e produtos de mineração digital.
Prefeito Tolardo destaca a história e importância da Enaex para Quatro Barras