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Com um novo coração no peito, Jorge de Goies relembra o antes e o depois do transplante

Quem vê o motorista de ônibus escolar, Jorge de Goies Tavares da Luz, de 66 anos, de bem com a vida e cheio de disposição nem imagina os maus bocados que passou antes de receber o transplante do coração. Carregando uma cicatriz na altura do peito, consequência da cirurgia cardíaca realizada há sete anos, hoje ele agradece a Deus pela oportunidade que teve de recomeçar uma nova vida.

Jorge é natural de Bocaiúva do Sul e atualmente reside na localidade do Capivari, área rural de Campina Grande do Sul. É casado, pai de três filhos e avô de dois netos e uma neta. Motorista de ônibus há 46 anos, há 12 ele presta serviço para a rede municipal de ensino.

Jorge conta que nunca foi uma pessoa de ter o hábito de ir ao médico. “Só ia mesmo quando passava mal”, revela. Como todo brasileiro, aos finais de semana ele não abria mão de um bom churrasco em família acompanhado de uma cerveja gelada, prática que se tornou corriqueira ao longo dos anos. A combinação excessiva entre álcool e a gordura animal, associada à uma vida sedentária, levaram a consequências terríveis à saúde dele, e o coração foi a principal parte do corpo a se sentir tais efeitos.

 Sempre muito ativo nos afazeres do dia a dia, a vida dele começou a mudar no   final de 2012. Ele construía uma calçada em frente de sua residência, quando sentiu dores no peito. De primeiro momento acreditava se tratar de um simples mal estar, se medicou por conta própria, e somente dias depois procurou um cardiologista.

Na consulta, o médico informou que ele precisaria cuidar melhor do coração, pois o fato que ocorreu estaria relacionado a um princípio de infarto. A partir dali um alerta vermelho se ascendeu e Jorge iniciou uma série de tratamentos. Na época, ele tinha plano de saúde e conta que foi em várias consultas.

Antes de receber o diagnóstico de insuficiência cardíaca, chegou a passar por um cateterismo, cirurgia conhecida por introduzir uma espécie de “mola” na artéria que liga ao coração para facilitar a passagem do sangue. Na época, o procedimento transcorreu normalmente e ele acreditou que poderia estar recuperado, mas os sintomas voltaram ainda mais fortes meses depois. “Eu comecei a sentir muito cansaço, falta de ar e um mal-estar tremendo”, relembra.

Vendo que o quadro de saúde só piorava, Jorge foi orientado pelos conhecidos a procurar outro lugar para se tratar, pois o plano de saúde já não estava surtindo resultados. Um dos locais recomendados foi o Hospital Angelina Caron, e foi lá que ele iniciou um novo tratamento.

De início, o médico que o atendeu pediu um eletrocardiograma e um ecocardiograma, só que Jorge não esperava receber o diagnóstico apontando para um transplante. “Foi ali que descobri que eu estava com sérias alterações no coração. O doutor me disse que não tinha mais jeito, eu precisaria fazer um transplante de coração caso quisesse voltar à minha vida normal”.

O caminho até receber o novo órgão não foi nada fácil. Foram várias idas e vindas do hospital, exames e dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Isso sem contar os enjoos e inchaços provocados pela  medicação. “Teve um dia que praticamente morri. Cheguei a acreditar que não sobreviveria a todo aquele sofrimento”.

Ele entrou na fila de doação do SUS e, em menos de um mês, recebeu a tão aguardada notícia. “Estava em casa em observação quando me ligaram do hospital. Do outro lado da linha era o doutor que me acompanhava. Ele me fez algumas perguntas e pediu para que eu comparecesse ao hospital na manhã seguinte, pois o tão esperado coração estava a caminho”, relembra.

No início da tarde do dia 23 de novembro de 2016, Jorge entrou no centro cirúrgico. Com a vista ainda embaçada, ele acordou por volta das 17h, mas devido a coágulos no órgão transplantado teve que retornar à sala cirúrgica. “Retomei a consciência só no dia seguinte. Permaneci internado por nove dias até receber alta”, conta.

Hoje, com o novo coração, ele faz acompanhamentos e segue algumas recomendações médicas periodicamente. “Pratico caminhada todos os dias e mantenho uma alimentação saudável. Prefiro não correr o risco de precisar ficar internado e passar pelo que passei novamente, aliás, não desejo isso a ninguém”, desabafa.

Jorge confessa nunca ter tido ciência da importância da doação de órgãos e tecidos, até precisar de um doador para poder viver. Hoje ele faz questão de lembrar as pessoas com quem conversa que doar órgãos significa salvar vidas. “Quando se nega uma doação, você tira a esperança de alguém que está lutando para viver, assim como eu lutei um dia”, conclui.

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